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Busca pela Verdade - O que as chamas escondem
Prólogo
Entre todas as crianças de um grande e antigo orfanato estava Letícia, uma menina de 15 anos com lindos olhos vulgares, cabelo castanho chocolate, liso e reluzente pouco acima da cintura, curiosa e determinada. Ela já estava naquele orfanato desde os seus 4 anos. Dado que não se lembrava de nada da sua vida anterior, a sua experiência no orfanato era a única realidade que conhecia. No entanto, desde há muitos anos que se questionava de onde tinha vindo, quem era a sua família e porque é que ali estava.
Os onze anos no orfanato permitiram-lhe fazer imensas amizades, várias acabaram por desaparecer, ou porque iam embora ao completar os 18 anos, ou porque eram adotados, o que era mais comum acontecer a crianças com menos de 3 anos, e obviamente outras acabavam devido a desentendimentos. Mas uma delas superou tudo o que se passava dentro daquele espaço e manteve-se ao longo de imensos anos. Luana era a sua melhor amiga desde que ambas têm memória, cresceram e aprenderam juntas, sempre foram como irmãs, acabando por se tornar inseparáveis.
Luana, também com 15 anos, de cabelo castanho claro e ondulado até aos ombros, doces olhos castanhos avelã e pestanas compridas.
- Porque é que vim aqui parar? - suspirou Letícia cabisbaixa, sentada no chão do quarto que partilhava com cinco raparigas da sua idade, virando-se para a melhor amiga.
Luana dirigiu-lhe o olhar, vendo-a rodar de um lado para o outro o colar dourado em forma de seta que tinha ao pescoço, e respondeu:
- Não sei. Pode haver vários motivos. Mas porque é que perguntas isso tantas vezes? Esta semana já o fizeste umas oito vezes. E hoje é quarta e ainda nem é meio-dia!
- Desculpa, é só que... Não sei... Nunca sentiste que há algo por descobrir, alguma coisa incrível à tua espera? Algo que te chama todos os dias e te faz querer procurar respostas? Nunca quiseste saber o teu passado?
Luana aproximou-se dela e com um braço nas suas
costas respondeu:
- Sabes, às vezes é melhor não remexer muito no passado, podemos descobrir coisas que não queremos.
- Mas até isso pode ser necessário para entender os porquês.
- É verdade... Mas e se isso causar arrependimento?
- Faz parte, não podemos evitar a verdade se é o que procuramos. - afirmou Letícia guardando o colar dentro da t-shirt.
Luana concordou silenciosamente e passou algumas horas a pensar no assunto.
Já à noite enquanto percorriam os corredores do orfanato, Luana sussurrou:
- Tive uma ideia, não é o mais correto, mas é a única maneira de obteres as respostas que tanto queres.